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Ontem tomou posse o governo, e nos discursos do presidente e do primeiro-ministro ficaram bem explícitos 2 rumos muito diferentes que Portugal pode seguir. Link aqui.

O primeiro, defendido pelo primeiro-ministro, podia chamar-se o caminho progressista, segundo o qual os problemas do país só podem ser resolvidos com uma forte intervenção por parte do estado, não só através de investimento directo, mas também direccionando o sector privado, dando incentivos fiscais e subsídios para determinados sectores, como, por exemplo, o das energias renováveis.

O segundo, com o aval do presidente, é o caminho da sobriedade, em que a solução passa por reduzir o forte endividamento externo do país. Indirectamente, isto requer que o governo mantenha contas públicas equilibradas e que o crescimento do peso do estado na economia seja travado, numa primeira fase, e que seja diminuído, posteriormente.

O primeiro caminho é, sem dúvida, mais apelativo. Mais sexy, se quiserem. É um caminho mais descansado, os governantes pensam numa grande estratégia nacional e aplicam-na. Nós apenas temos de seguir as indicações vindas de cima.

O segundo caminho, mais sombrio, à primeira vista parece pouco prometedor. Sem uma mão do estado, será que os privados podem ter a força de imprimir um rumo ao país?

No entanto, o caminho sexy tem muitos espinhos escondidos. O investimento estatal vai ter de ser financiado de alguma forma, o que trocando por miúdos quer dizer aumento dos impostos, só fica por saber se vamos pagar mais cedo ou mais tarde.

A verdade é que também não precisamos de alguém que nos indique um caminho. Muito menos um político, que nunca teve experiência empresarial. Quando o estado não intervém, os empresários apenas reagem aos incentivos vindos do mercado. No curto prazo, caso o preço de determinado bem suba, os lucros das empresas sobem, levando a aumentos de produção e ao aparecimento de novas empresas. No longo prazo, os empresários tentam antecipar as tendências futuras do mercado.

Umas vezes, os empresários acertam, e têm lucros, outras falham, e têm prejuízos, mas são sempre eles que sofrem as consequências das suas decisões, conferindo um forte incentivo para que acertem. Com os políticos ocorre o contrário, porque muitas vezes quando são conhecidas as consequências das suas decisões já eles estão a gozar a sua (pouco) merecida reforma.

Por exemplo, até ao final dos anos 70, a Inglaterra era praticamente um estado socialista, com controlo público de grandes empresas em sectores considerados fundamentais. O estado tinha todos os meios para estabelecer o rumo do país, no entanto, a Inglaterra era conhecida como o estado anémico da Europa devido à sua estagnação económica. Quando Margaret Tatcher chegou ao poder, implementou uma mudança radical na política, reduzindo o peso do estado e privatizando muitas empresas, e deixando mais espaço para os privados. O resultado foi que, nos 30 anos seguintes, a Inglaterra foi uma das economias mais dinâmicas da OCDE. . Ou seja, elevado peso do estado = estagnação; menor peso do estado = crescimento dinâmico.

Portugal tem de escolher entre dois caminhos: ou (1) mais impostos, cada vez maior peso do estado na economia e maior endividamento, que foi o que nos colocou na estagnação dos últimos 10 anos, ou (2) mudar de rumo, diminuir a intervenção estatal, deixar mais espaço para as empresas responderem às necessidades dos consumidores e seguir o rumo da única forma sustentável de subir o nível de vida dos portugueses.

3 Comentários:

Anónimo disse...

Eu só não percebo mesmo que economia e que estado é este: Cafés, pastelarias e outros negócios privados parecidos é porta sim porta sim, mas por exemplo farmácias, escolas de condução... já um privado não pode arriscar por sua própria iniciativa sem prévia autorização do Estado, ou seja o estado protege os monopólios locais. Quantas mais escolas de condução existissem certamente a concorrência entre elas aumentaria baixando por isso os preços, quem não se aguentasse teria que fechar as portas, lei do mercado, com os cafés e pastelarias acontece o mesmo.
Mas não, o estado à conta de manter o monopólio de 2 ou 3 prejudica o resto da população.
Assim com a protecção do estado é fácil ganhar dinheiro, porque é que também não limitam o numero de cafés e pastelarias por vila ?
Enfim... ficou aqui a ideia.

André disse...

Sem dúvida anónimo. O governo protege os monopólios locais, dos seus grupos de interesse, à custa do povo em geral, que terá de pagar os bens mais caros. Um exemplo disso, (irei escrever esta semana um artigo) são os médicos e faculdades de medicina... Porque é que acham que se paga tanto por uma consulta num especialista? Porque o governo limita o número de médicos no mercado... patrocinado claro está, pela ordem dos médicos.

Obrigado pelo excelente contributo Anónimo.
É bom ver, cada vez mais pessoas, a entender o que se passa na nossa economia e a culpar os verdadeiros culpados.

Anónimo disse...

Então aqui fica um link que tem algo a ver com o assunto: http://portugalcontemporaneo.blogspot.com/2009/09/410000-empregos.html