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Falência > FMI


Na minha opinião, o estado português devia declarar falência, e simplesmente não pagar/restruturar a dívida, sendo esta solução melhor que a proposta do FMI.

Alguns dirão, isso seria uma loucura, porque não voltam a emprestar dinheiro ao estado português, mas esse é um ponto positivo porque já que os nossos políticos não conseguem por as contas públicas em ordem, o mercado iria força-los a isso, e sem termos de passar pela humilhação de uma intervenção estrangeira a dar ordens cá dentro.

Os políticos sabiam que só podiam gastar aquilo que arrecadassem em impostos, forçando a que todos os gastos públicos fossem justificados porque estavam directamente ligados à cobrança de impostos.

Desde o 25 de Abril de 1974 até hoje, o estado tem sempre gasto mais do que as suas receitas, criando uma ilusão que tem de ser paga, por nós e pelas próximas gerações, as quais beneficiaram muito pouco do endividamento, até porque muita da dívida pública se tem destinado a pagar despesa corrente da estrutura do estado.

A grande desvantagem da bancarrota é que haveria um ajustamento mais violento, no curto prazo, quando o estado tivesse de cancelar abruptamente uma parte dos seus pagamentos, e isso podia ter consequências dramáticas. Por outro lado, teria também de admitir que não poderia continuar a viver acima das suas possibilidades, ou seja, os gastos públicos teriam de ser significativamente reduzidos de uma forma permanente. Com esta redução da despesa, diminuiria a fatia dos recursos que o estado retira à iniciativa privada, o que teria um impacto positivo na produtividade e na criação de riqueza, do país. Haveria desvantagens, provavelmente dramáticas, no curto prazo, mas vantagens significativas, de longo prazo.

O plano do FMI, pretende que haja um ajustamento mais suave, continuando a haver financiamento para a dívida do estado, em contrapartida da imposição de medidas de correcção orçamental, que passam pela redução da despesa, mas também por um aumento da carga fiscal, na pratica assegurando que o estado continue a ser um grande peso morto sobre a economia, e que a dívida continue a aumentar. A intervenção externa permite ainda, aos políticos, fugir às responsabilidades, atribuindo ao FMI a culpa de todas as consequências negativas.

PS1: Quem seria prejudicado pelo calote? Os bancos credores, que entretanto puseram grande parte da dívida sob a guarda do BCE, sem contar com a dívida que o BCE comprou directamente. O BCE é uma instituição que existe para lixar os últimos a receber o dinheiro que eles criam a partir do nada, por isso esta seria uma boa altura para receberem de volta o tratamento que dão àqueles que mais sofrem com a inflação. Os bancos, são os maiores beneficiados do esquema dos bancos centrais, ao serem os primeiros a receber o tal dinheiro criado a partir do nada. Isto pode surpreender a muitos, mas hoje em dia o sistema financeiro, que é considerado o coração do capitalismo, é precisamente uma das áreas menos capitalistas das economias ocidentais. Quem não concordar, que me responda, desde quando é que num sistema verdadeiramente capitalista existem planeadores centrais, como por exemplo, bancos centrais?

PS2: No link abaixo, podemos encontrar um artigo sobre um país que renegociou a dívida, vendo uma grande parte ser perdoada, sem que isso tenha sido o fim do mundo.

http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/645877

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