Hoje em dia, a maioria dos proponentes de políticas redistributivas já não defende abertamente uma igualdade absoluta entre todos os membros da sociedade, apenas advogam maior igualdade do que aquela que existe nas sociedades actuais. Esta pretensão tem algum grau de subjectividade, porque nunca se define quando parar, ou seja, não sabemos qual o objectivo, que ao ser atingido dá o sinal para suspender tais políticas.
No fundo, os defensores de maior igualdade não advogam algo tão diferente da igualdade absoluta como pode parecer à partida, porque enquanto houver alguma desigualdade, por mínima que seja, é provável que nunca estejam satisfeitos, apenas ficando apaziguados se fosse atingida a tal igualdade absoluta. Segundo eles, inspirados pela ideologia marxista, as desigualdades são fruto de conflitos internos das sociedades, através das quais umas classes exploram outras, e a única forma de proteger os oprimidos é usando a força do estado. Esta visão está errada, primeiro, porque a melhor forma de proteger as classes mais baixas da exploração é através dos Capitalismo (como vimos no último post), e, em segundo lugar, porque é o próprio estado que cria muitas das desigualdades, como veremos abaixo.
É curioso verificar que são muito poucos os políticos que não apoiam algum tipo de redistribuição de rendimentos, e são ainda menos os que falam abertamente contra (só me recordo de Ron Paul). Promessas deste género, são uma forma fácil de conseguir votos, porque fazem os políticos parecerem benévolos (apesar de estarem a prometer algo que não lhes pertence), com isso aumentam as suas hipóteses de atingir cargos de poder, e de dar mais poder a esses mesmos cargos. Por alguma razão, nos países onde estas politicas foram iniciadas, a tendência foi sempre para aumentar o seu peso, ao longo das décadas. Nas raras vezes em que houve reduções, foram mínimas e, quase sempre, por motivos orçamentais.
São os próprios movimentos pró-igualdade que apontam para muitos estudos que indicam um aumento das desigualdades, o que, em termos lógicos, ao contrário de justificar mais programas de redistribuição, devia ser uma prova efectiva da sua pouca eficácia, quando aplicados na realidade, dado que já existem há décadas. Uma explicação para este rotundo falhanço, será que possivelmente, enquanto por um lado os pobres entram num ciclo vicioso, do qual há fortes incentivos para não saírem, por outro, o próprio estado concede protecção a certos grupos de interesse (como grandes grupos empresariais, dirigentes políticos bem colocados nas máquinas partidárias, que são nomeados para cargos importantes dentro do aparelho estatal, em empresas públicas, ou que giram à volta da órbita estatal), criando uma classe, cujos privilégios geram riqueza para os beneficiados, à custa de criação de pobreza para a sociedade em geral.
A intervenção estatal, também passa por criar monopólios, por mecanismos que limitam a concorrência, ou dão vantagens artificiais, por exemplo, através da criação de regulação, da atribuição de subsídios, ou da imposição de tarifas. Aqui também se podia falar da actividade dos bancos centrais, que ao criarem moeda a partir do nada, vão beneficiar aqueles que a recebem em primeiro lugar (p.e., os bancos comerciais, que vão usar a moeda antes desta ter impacto nos preços, através da inflação), prejudicando os que a recebem por último (p.e., os trabalhadores, os pobres, etc., que vão usar esta moeda quando a inflação, i.e. o aumento da quantidade de moeda na economia, já está reflectida nos preços).
Quando se fala em desigualdades, muitas vezes somos levados a pensar que os pobres ficam votados a uma existência de miséria, mas nas sociedades mais dinâmicas, ou seja, nas mais capitalistas, há grandes variações ao longo do tempo. Quem nasce pobre, pode ao longo da sua vida tornar-se rico, ficando tal a depender da sua capacidade de se adaptar a um sistema que procura oferecer aos consumidores, aquilo que estes desejam. Ao criarmos programas, que retiram incentivos ao trabalho, é que estamos a criar um ciclo vicioso que impede as famílias das classes baixas de poderem ascender na escala social.
No fundo, boa parte dos problemas da sociedade de igualdade absoluta também se aplicam a politicas que pretendem promover uma maior igualdade, sendo óbvio que quanto mais longe forem tais políticas, maiores serão os problemas criados.