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Resolver dívida com mais dívida... Not a wise choice Portugal...



Alguns anos passaram, mas os problemas permanecem os mesmos. Quando começámos este blog a falar da falência do estado europeu e um pouco por todo o mundo ouvimos várias vozes discordantes. O que é um facto é que aconteceu, aos olhos de toda a gente, camuflada nos dias de hoje pela manipulação dos bancos centrais, que emitem moeda do ar para comprar dívida dos estados, o chamado monetarizar a dívida... algo que eles desmentem fazer... talvez por ser algo que não está nos seus mandatos.

De qualquer forma alguns anos passaram e nada mudou, apenas piorou. Portugal hoje anunciou, além de juros historicamente baixos (fruto não da economia, mas do BCE e suas políticas ridículas de baixas de juro, penalizando fortemente toda a economia e criando uma bolha gigante de crédito e mal alocação de capital) que conseguiu ainda mais dívida:

Portugal emite mais dívida que o previsto com juros em mínimos históricos

Ora os políticos e comentadores do sistema ficam contentes pelo facto, mas o que é o maior facto e isto sim deveria ser falado em todo o lado é que Portugal é o QUARTO PAÍS MAIS ENDIVIDADO DO MUNDO, tendo em conta dívida privada, dívida estatal e dívida externa. Isto é uma perfeita idiotice que vai terminar mal para os portugueses, que já viram os impostos subir para níveis que envergonhariam o próprio Laffer (curva de Laffer), onde não se importou pagar o que tinha e não tinha (ao menos os Gregos bateram o pé e exigiram pagar de todos os juros menores dos intervencionados...) e não desalavancou, muito pelo contrário, alavancou para níveis completamente ABSURDOS.

Deixamos o alerta, e voltamos a escrever, para continuar a alertar para este grave problema e para começar a ser falado na comunicação social e pela sociedade... isto sim devia ser tema de conversa de café pois um dia vai-se acordar e os biliões que os portugueses andaram a colocar em certificados vão levar um CUT brutal... depois vão bater à porta de quem? Quem é o Estado??!!!???

Ficam algumas imagens elucidativas para se reflectir.



Ron Paul vs Michael Moore

Juros da Dívida

Os políticos e muitos comentadores andam muito "contentinhos" com a baixa dos juros cobrados na dívida pública portuguesa, no entanto, a verdade é que a maior parte dos factores que originaram a subida dos juros ainda se mantém, porque na realidade a despesa pública ainda não foi controlada, basta ver o mais recente deslize (com uma tentativa de colocar as culpas na RTP), apesar de os impostos, já altíssimos, continuarem a subir (impedindo que o sector privado nos faça sair da recessão).

Esperemos pelos próximos capítulos!

As Politícas Igualitárias no Mundo Actual

Hoje em dia, a maioria dos proponentes de políticas redistributivas já não defende abertamente uma igualdade absoluta entre todos os membros da sociedade, apenas advogam maior igualdade do que aquela que existe nas sociedades actuais. Esta pretensão tem algum grau de subjectividade, porque nunca se define quando parar, ou seja, não sabemos qual o objectivo, que ao ser atingido dá o sinal para suspender tais políticas.

No fundo, os defensores de maior igualdade não advogam algo tão diferente da igualdade absoluta como pode parecer à partida, porque enquanto houver alguma desigualdade, por mínima que seja, é provável que nunca estejam satisfeitos, apenas ficando apaziguados se fosse atingida a tal igualdade absoluta. Segundo eles, inspirados pela ideologia marxista, as desigualdades são fruto de conflitos internos das sociedades, através das quais umas classes exploram outras, e a única forma de proteger os oprimidos é usando a força do estado. Esta visão está errada, primeiro, porque a melhor forma de proteger as classes mais baixas da exploração é através dos Capitalismo (como vimos no último post), e, em segundo lugar, porque é o próprio estado que cria muitas das desigualdades, como veremos abaixo.

É curioso verificar que são muito poucos os políticos que não apoiam algum tipo de redistribuição de rendimentos, e são ainda menos os que falam abertamente contra (só me recordo de Ron Paul). Promessas deste género, são uma forma fácil de conseguir votos, porque fazem os políticos parecerem benévolos (apesar de estarem a prometer algo que não lhes pertence), com isso aumentam as suas hipóteses de atingir cargos de poder, e de dar mais poder a esses mesmos cargos. Por alguma razão, nos países onde estas politicas foram iniciadas, a tendência foi sempre para aumentar o seu peso, ao longo das décadas. Nas raras vezes em que houve reduções, foram mínimas e, quase sempre, por motivos orçamentais.

São os próprios movimentos pró-igualdade que apontam para muitos estudos que indicam um aumento das desigualdades, o que, em termos lógicos, ao contrário de justificar mais programas de redistribuição, devia ser uma prova efectiva da sua pouca eficácia, quando aplicados na realidade, dado que já existem há décadas. Uma explicação para este rotundo falhanço, será que possivelmente, enquanto por um lado os pobres entram num ciclo vicioso, do qual há fortes incentivos para não saírem, por outro, o próprio estado concede protecção a certos grupos de interesse (como grandes grupos empresariais, dirigentes políticos bem colocados nas máquinas partidárias, que são nomeados para cargos importantes dentro do aparelho estatal, em empresas públicas, ou que giram à volta da órbita estatal), criando uma classe, cujos privilégios geram riqueza para os beneficiados, à custa de criação de pobreza para a sociedade em geral.

A intervenção estatal, também passa por criar monopólios, por mecanismos que limitam a concorrência, ou dão vantagens artificiais, por exemplo, através da criação de regulação, da atribuição de subsídios, ou da imposição de tarifas. Aqui também se podia falar da actividade dos bancos centrais, que ao criarem moeda a partir do nada, vão beneficiar aqueles que a recebem em primeiro lugar (p.e., os bancos comerciais, que vão usar a moeda antes desta ter impacto nos preços, através da inflação), prejudicando os que a recebem por último (p.e., os trabalhadores, os pobres, etc., que vão usar esta moeda quando a inflação, i.e. o aumento da quantidade de moeda na economia, já está reflectida nos preços).

Quando se fala em desigualdades, muitas vezes somos levados a pensar que os pobres ficam votados a uma existência de miséria, mas nas sociedades mais dinâmicas, ou seja, nas mais capitalistas, há grandes variações ao longo do tempo. Quem nasce pobre, pode ao longo da sua vida tornar-se rico, ficando tal a depender da sua capacidade de se adaptar a um sistema que procura oferecer aos consumidores, aquilo que estes desejam. Ao criarmos programas, que retiram incentivos ao trabalho, é que estamos a criar um ciclo vicioso que impede as famílias das classes baixas de poderem ascender na escala social.

No fundo, boa parte dos problemas da sociedade de igualdade absoluta também se aplicam a politicas que pretendem promover uma maior igualdade, sendo óbvio que quanto mais longe forem tais políticas, maiores serão os problemas criados.

Devemos Desejar uma Sociedade Igualitária?

Uma das ideias políticas mais propagadas, defende que a sociedade ideal, de um ponto de vista ético, deveria ter igualdade de rendimentos entre os seus membros. Um slogan, muito conhecido, defende até: "produção capitalista, com distribuição socialista". Será isso possível? Se, partindo de uma sociedade capitalista, pudéssemos tirar o que uns ganham acima da média, e dar àqueles cujo rendimento se encontra abaixo da média, seria possível atingir esse "ideal social"?

De facto, este ideal, nada diz sobre o efeito de tal transferência de riqueza no total da produção. Será que a média de rendimentos ficaria inalterada? Uma transferência forçada, em que se tira aos mais produtivos, para dar aos que produzem menos, não irá levar a uma menor produção?

No entanto, por mais importante que pareça responder a esta questão, não basta saber se haverá uma queda na produção global, porque mesmo que a média de rendimentos seja inferior numa sociedade "igualitária", pode haver quem ache que a igualdade é um objectivo tão importante que, ainda assim, deva ser perseguida. Esta posição, apenas é desarmada se demonstrarmos que a média de rendimentos da sociedade igualitária será inferior ao nível de rendimento dos mais pobres da sociedade capitalista.

Efectivamente, o nível de produtividade tenderá para ser consideravelmente mais baixo na sociedade igualitária, devido ao problema do desincentivo à produção, uma vez que (1) quem produz acima da média apenas tem direito à média (ou seja, não vale a pena produzir acima da média), e (2) quem está abaixo, mesmo que produza pouco (ou nada), continua a ter direito à média. Também são desincentivadas actividades que aumentam a produção no futuro, como a poupança, o investimento e o empreendedorismo. Tudo isto, leva a que a produtividade seja fortemente afectada e, consequentemente, também o produto disponível para ser dividido pelos cidadãos.

Na sociedade capitalista, em que é natural existir desigualdade de rendimentos (porque uns são mais produtivos, uns querem trabalhar mais que outros, uns nascem no meio de famílias mais ricas, outros mais pobres, a sorte sorri mais a uns que a outros, etc.), o processo de mercado livre tende para elevar o nível de vida da generalidade dos seus membros, em particular, dos mais pobres. Usando as palavras de Mises: "Capitalism is essentially a system of mass production for the satisfaction of the needs of the masses. It pours a horn of plenty upon the common man. It has raised the average standard of living to a height never dreamed of in earlier ages. It has made accessible to millions of people enjoyments which a few generations ago were only within the reach of a small elite."

Dois exemplos de que os pobres são os maiores beneficiados pela liberalização dos mercados, são a Revolução Industrial em que inúmeros bens que estavam reservados aos mais ricos dos nobres, em poucas gerações ficaram finalmente ao dispor do povo, ao ponto de ao compararmos a situação dos operários entre o principio e o fim do Sec.XIX, vemos que os seus salários aumentaram, consumiam mais, tinham maiores poupanças, as esperanças médias de vida eram superiores, tinham famílias maiores, etc.. Um exemplo mais recente, é o dos países emergentes que ao abrirem as suas fronteiras às transacções com o exterior, nas últimas décadas, viram os seus níveis de vida reduzirem o abismo que os separava dos países ocidentais.

No longo prazo, tendo em conta os incentivos criados, é inevitável que o nível de rendimento dos pobres da sociedade capitalista, com a sua tendência crescente, acabe por ultrapassar a (reduzida) média de rendimentos da sociedade igualitária. Só podemos concluir que, mesmo de um ponto de vista ético, o sistema igualitário não tem justificação. O sistema verdadeiramente ético e humanista, é o Capitalismo de mercado livre.

PS: Se, para além de igualitária, a sociedade também for socialista, com propriedade comum dos meios de produção, Mises demonstrou que, o problema do cálculo económico, torna esta sociedade inviável. No mercado livre, a interacção entre compradores e vendedores leva a um preço de transacção, tendo por base a relação entre a oferta e a procura, para cada bem, serviço, factor de produção, etc. A ausência de mercados, dado que toda a propriedade é pública, leva a que não existam preços livres, tornando impossível tomar decisões não arbitrárias sobre a distribuição de recursos pelas inúmeras actividades da economia, tendo como resultado o caos económico. É um facto conhecido que, para minimizar este problema, nos planos centrais dos antigos países comunistas do leste da Europa, eram utilizados os preços obtidos nos mercados dos países ocidentais, o que permitiu à União Soviética sobreviver durante 80 anos.