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Para quem pensa que a Grécia tem uma solução fácil...

Recomendo a leitura do report da Danske Research "Research Euroland : Debt on a dangerous path" para se ter uma ideia da tamanho do problema e como ele está a crescer de forma exponencial. O problema actual da Grécia é um problema inevitável praticamente para todas as economias da UE a não ser que comecem o enfrentar já. Esse "enfrentar" passa inevitável por cortes na despesa, começando com várias politicas sociais que embora bastante populistas são de eficácia dúbia para além de totalmente insustentáveis.

Temos assistido a várias noticias acerca de sucessivas reuniões em Bruxelas acerca de encontrar uma solução para o problema grego. Mesmo assim ficámos com a sensação que "a montanha pariu um rato", neste momento parece que a hipótese de ter a UE a ajudar em forma monetária (i.e. "bailout") será um último reduto para além que garantidamente iria impor um conjunto de regras de fazer corar qualquer governo neo-liberal. O que seria um sério contraste para um país que tem beneficiado de políticas sociais e "direitos adquiridos" em linha como : reforma aos 60 anos, 1 em cada 3 trabalhadores gregos é funcionário do Estado ou empresa pública.

A Alemanha dita as regras do jogo no que toca como e quando ajudar a Grécia. Talvez um factor que ajude ao cenário de "bailout" é o facto dos bancos alemães acumularem uma exposição relevante nesse mercado. Por outro lado muitas vozes na sociedade alemã (para além da oposição política e pessoas influentes no tema) manifestam-se contra a ideia de prestar qualquer ajuda económica à conta do contribuinte. Efectivamente para muitos já basta que os anos de superavit na economia alemã tenham sido anulados com os sucessivos orçamentos bilionários de ajuda para a UE.

Não é fácil prever o "outcome" dado que a decisão tem uma grande dose de "política" envolvida e daí tudo é possível. A decisão técnica aponta para um cenário de "não ajuda", obrigando a Grécia a ser responsável pelas as suas decisões do passado e fazer entender à sua população que viveu e ainda vive acima das suas posses. Há um novo paradigma económico a se desenvolver durante esta recessão e havendo retoma mundial é o consenso que a nível europeu será bastante anémica podendo inclusive existir um aumento das taxas de juro por parte do ECB o que seria desastroso para países já sobre-endividados. A política económica keynesiana de investimento público com ainda mais endividamento está provado não ser a alternativa, especialmente quando temos em conta que é o mesmo governo (de ideologia socialista de planeamento central) que iria escolher onde distribuir esse mesmo investimento público, uma formula fracassada vezes sem conta. Tempos de grande austeridade avizinham-se.

Update : Um report da JPMorgan acerca do estado de saúde do endividamento público da Zona-Euro, da sua moeda e possiveis saídas da crise actual, infelizmente nem todas como um saldo positivo: The Sick Men of Europe - The challenges of a monetary union in the middle age .